terça-feira, 20 de agosto de 2013

Popularização das cervejas especiais abre espaço para novos serviços

Clube de assinantes e sorvete de cerveja são apostas do comércio do setor.

'Beber menos, e beber melhor' é o discurso dos cervejeiros artesanais.



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. (Foto: Arte/RPC TV)
A difusão da cultura das cervejas especiais tem levado empresas do setor a investir em serviços diferenciados para atrair novos consumidores e fidelizar o público. De clube de assinantes com entrega em domicílio até o sorvete de cerveja, o surgimento de iniciativas empreendedoras acompanha o ritmo de crescimento do mercado.
G1 publica até domingo (26) uma série de reportagens sobre as cervejas especiais. Com previsão de crescimento de 70% na produção das micro cervejarias paranaenes em 2013, a bebiba tem mobilizado cervejeiros em processos que vão desde a produção caseira até a harmonização entre cerveja e gastronomia, passando por uma oferta cada vez maior de produtos e serviços diferenciados.
Cultura cervejeira
Em Curitiba, a expansão da “cultura cervejeira” acelerou a partir de 2009, segundo comerciantes. Foi naquele ano que começaram a surgir as primeiras lojas físicas específicas para a cerveja especial, que traziam rótulos internacionais e facilitavam o acesso às produções artesanais brasileiras. Até então, o comércio deste tipo de bebida era restrito à internet, às distribuidoras e lojas de bebidas variadas.  Uma das pioneiras foi o Templo da Cerveja, no bairro Batel, que apostou na ideia de vender o conceito da cerveja como cultura.
“Nós inauguramos com cem rótulos, mas ainda era um público muito específico que buscava essas cervejas especiais. Nós começamos a incentivar que cada um dos nossos consumidores trouxesse um amigo, e foi aí que surgiu a primeira festa, em 2010”, contou aoG1 um dos sócios da loja, William Fleming. A primeira edição do evento, que foi realizado no estacionamento do shopping onde a loja fica instalada, reuniu 300 pessoas. A aposta era aproximar fabricantes e importadores dos consumidores, com preços de custo, e assim difundir as cervejas especiais.
Festas temáticas de cervejas especiais chegam a reunir 2 mil pessoas (Foto: Divulgação)Festas temáticas de cervejas especiais chegam a reunir 2 mil pessoas (Foto: Divulgação)
Atualmente, os frequentes eventos cervejeiros chegam a reunir duas mil pessoas, e o número de pequenos fabricantes prolifera no mesmo ritmo. Prova disso é que a cidade de Curitiba foi escolhida como sede do Encontro Nacional das Associações dos Cervejeiros Artesanais (Acervas), que será realizado entre os dias 30 de maio e 1º de junho. O evento deve contar com palestras, workshops, confraternização e o Concurso Nacional que elegerá a melhor cerveja artesanal do Brasil.
Em síntese, o objetivo dos cervejeiros é fazer prevalecer entre os consumidores da bebida o espírito do “beber menos, e beber melhor”. “O grande ponto é que o que a gente está começando é um movimento embrionário, estamos anos-luz atrás de outros países. Agora nós estamos acompanhando o que a Califórnia viveu nos anos 70, que o Chile viveu na década passada, o que o México viveu 15 anos atrás. Nosso papel é democratizar a cerveja”, define Fleming.
Entrega em domicílio
Com o aumento da demanda, o comércio precisou apostar em diferenciais para fidelizar os clientes e ampliar o conhecimento sobre as cervejas especiais. Foi a aposta da Beer Monks, quando criou um serviço de assinatura que entrega as bebidas na casa do cliente. Segundo um dos sócios da startup Victor Silva, a ideia veio a partir da observação de empresas que faziam serviços semelhantes com vinhos.
Caixas são desenvolvidas especialmente para entregar as cervejas sem danos (Foto: Beer Monks/DIvulgação)Caixas são desenvolvidas especialmente para entregar as cervejas sem danos (Foto: Beer Monks/DIvulgação)
“No fim de 2011, um amigo belga, que é ‘Beer Sommelier’, veio para o Brasil e trouxe cervejas belgas para eu experimentar – até então eu não conhecia. Nós fizemos comidas para acompanhar, e ele foi contando as histórias de cada cerveja. Poxa, eu fiquei apaixonado pelas cervejas especiais”, contou. Foi a percepção de que as pessoas não tinham a orientação suficiente para apreciar as cervejas especiais que levou Victor a associar a ideia do clube de assinaturas com o conteúdo informativo.
“Nós enviamos as cervejas uma caixa personalizada, que pode viajar para qualquer lugar do Brasil. A seleção é feita pelo nosso ‘Beer Sommelier’, que manda os produtos da Bélgica, e acompanha ainda uma revista exclusiva a cada mês”. A revista traz a ficha técnica de cada cerveja, detalhes, e avança em áreas em comum com a cerveja – com colunas de esportes, turismo cervejeiro e gastronomia. As mensalidades começam em R$ 46,90, para duas garrafas, e chegam a até R$ 108,90, para seis garrafas.
Em atividade desde janeiro de 2013, atualmente, a Beer Monks conta com 300 assinantes em Curitiba, e mais 150 em outros estados. O trabalho de Victor, de marketing, é dividido com sócios que cuidam da parte operacional e logística, do setor financeiro, além do sommelier. “A partir de junho vamos entrar no e-commerce, que foi uma necessidade que verificamos durante o desenvolvimento do negócio”, adiantou o sócio.
Sorvetes foram vendidos em frente à loja do Mestre Cervejeiro (Foto: Daniel Wolff / Divulgação)Sorvetes foram vendidos em frente à loja do Mestre
Cervejeiro (Foto: Daniel Wolff / Divulgação)
Sorvete de cerveja
Outro serviço derivado da recente “febre” das cervejas foi a combinação inusitada com o sorvete, que surgiu a partir de uma conversa informal, na loja Mestre Cervejeiro, em Curitiba. “O franqueado tem uma amiga que é mestre sorveteira formada na Itália, e possui uma fábrica de gelatos. Ela estava um dia na loja e comentou que dava para fazer sorvete de tudo, foi quando alguém sugeriu – por que não de cerveja?”, lembra o dono da marca, Daniel Wolff.
Os primeiros testes não tiveram tanto êxito. Segundo Wolff, a aposta em cervejas potentes para contrastar com o sorvete não funcionaram muito bem. “Então eu sugeri alguns rótulos não tão fortes para que eles testassem, e o resultado ficou sensacional”, disse.  E foi aproveitando o calor do verão de dezembro de 2012 que o grupo realizou o primeiro evento, que, devido ao sucesso, logo se tornou mensal e com participação do público na escolha dos sabores.
“Algumas vezes nós abrimos para participação do público pelo Facebook. Teve uma aceitação tão grande que nós temos recebido pedidos do Brasil inteiro para levar o evento”, conta Wolff, que calcula uma média de 500 sorvetes vendidos por edição. Entre os sabores do último evento, estão combinações com cervejas Stout, India Pale Ale (IPA), Weissbier, Kriek, e Strong Golden Ale com abacaxi.
Ainda que no inverno a frequência dos encontros entre cerveja e sorvete deva diminuir, está programada para o dia 22 de julho mais uma edição do evento, garante Wolff.
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Mistura entre sorvete e cerveja foi aprovada pelos frequentadores (Foto: Daniel Wolff / Divulgação)  Mistura entre sorvete e cerveja foi aprovada pelos frequentadores (Foto: Daniel Wolff / Divulgação)
Fernando CastroDo G1 PR

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