Esse é o novo déficit do fundo de pensão dos Correios, que já havia tido
um rombo de 1,4 bilhão de reais anos antes. E ainda há investimentos problemáticos
na carteira
São Paulo - No começo
deste ano, 110 000 funcionários dos Correios receberam um informativo que dizia que
o contracheque seria menor. Foram comunicados que, a partir de abril, um valor
médio correspondente a 1,7% do salário seria descontado do pagamento todos os
meses, por tempo indeterminado.
Os recursos seriam
usados para cobrir o déficit de cerca de 1 bilhão de reais do Postalis, o fundo
de pensão dos Correios, em que esses empregados investem. Os funcionários podem
optar por não pagar o extra, mas apenas por três meses.
Se ficarem
“inadimplentes” por um período maior, serão excluídos do plano — o que
significa que o dinheiro acumulado passará a ser corrigido pela inflação até
que possa ser resgatado, no momento da aposentadoria ou da demissão.
Alguns carteiros
procuraram o Postalis para entender o que estava ocorrendo, mas o fundo,
inicialmente, não deu explicações mais detalhadas. Pressionado pela Associação
Nacional dos Participantes do Postalis, que entrou com uma ação na Justiça para
ter acesso ao relatório de investimento do fundo, a fundação divulgou alguns
dados sobre as aplicações feitas nos últimos dois anos. EXAME teve acesso a
parte dessas informações, que mostram por que o Postalis pode levar mais de uma
década para zerar o prejuízo.
O Postalis é o fundo
de pensão com o maior número de investidores do país — e, agora, é também o que
tem o maior déficit, em relação ao patrimônio, entre as grandes fundações. O
déficit representa 13% do volume total sob gestão.
O balanço do Postalis
mostra que 287 milhões de reais desse déficit se devem a “ajustes técnicos”,
motivados pelo aumento da expectativa de vida e pela redução no número de novos
participantes. É normal que os fundos tenham de fazer esses ajustes, já que é
impossível prever com exatidão por quanto tempo seus investidores vão receber
as aposentadorias.
Os fundos de pensão costumam manter
recursos em caixa para fazer frente a esses imprevistos — e, assim, conseguir
pagar as aposentadorias. Mas as regras da Previc, órgão do Ministério da
Previdência que fiscaliza esse setor, determinam que, se os fundos fecham dois
anos seguidos com déficit, precisam apresentar um plano para resolver o
problema antes que o caixa termine. A fundação dos Correios decidiu cobrar as
contribuições dos investidores.
Investimentos
frustrados
A parte mais
preocupante do déficit do Postalis é a perda de 698 milhões de reais com
investimentos malsucedidos. Os dados obtidos por EXAME mostram que parte desse
prejuízo veio de aplicações em títulos de bancos que quebraram e em papéis de
empresas com dificuldades financeiras.
Thiago Bronzatto, da Revista Exame / Edições / 1047 - Previdência | 19/08/2013
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