Histórias de sucesso inspiram. Histórias de fracasso ensinam. Como executivos e empresários de qualquer setor podem aprender com a incrível ascensão e a fulminante queda de Eike Batista?
Conglomerados
bem-sucedidos costumam seguir essa lógica. O grupo Odebrecht, maior
conglomerado brasileiro da atualidade, com mais de 16 empresas, levou 35 anos
até partir para seu segundo negócio. De 1944 a 1979, atuou apenas em
construção. Hoje, tem empresas de petroquímica, de energia e até de
administração de estádios.
O fundo 3G, de Jorge Paulo
Lemann, que compra empresas de dois em dois anos, só parte para o próximo alvo
depois de concluir uma reestruturação completa na companhia adquirida antes. Ninguém
pode acusar Lemann ou a família Odebrecht de pensar pequeno. A diferença entre
eles e Eike está no método, não na ambição.
Eike criou negócios em uma
velocidade inédita na história do capitalismo brasileiro, em setores altamente
complexos e sem dar tempo para que uma empresa servisse de pilar do grupo. Tudo
foi feito ao mesmo tempo para aproveitar o dinheiro farto que vinha de
investidores estrangeiros. “Ele subestimou os inúmeros desafios que
naturalmente surgiriam em cada um desses projetos”, diz um ex-membro da cúpula
da EBX.
7 Promoveu apenas os otimistas
Eike Batista não gosta de
más notícias. por isso alçou ao topo da hierarquia o “yes man”, aquele que
sempre diz sim ao chefe. O mais notório foi o geólogo Paulo Mendonça, promovido
a presidente da OGX em abril de 2012, dois meses antes do início da derrocada.
Considerado no setor um
geólogo brilhante, porém otimista demais, Mendonça tornou-se o par
aparentemente perfeito para o empresário, que o apelidou de Dr. Oil. Hoje, a
amigos, Mendonça reconhece que não queria ser visto como mensageiro de más
notícias.
O valor das ações da OGX
era impulsionado pelas notícias infladas divulgadas pela companhia, o que
enriquecia os executivos e criava um terreno árido para quem dissesse que o rei
estava nu. A quem dizia que estava errado, costumava responder com frases como
“Quem é o dono disso aqui?” e recebia funcionários perguntando que “boas
notícias” tinham para dar.
Marcelo Faber Torres,
ex-diretor financeiro da OGX, caiu em desgraça quando se opôs a uma operação
financeira arquitetada pelo patrão. No início de 2012, Eike queria captar
recursos no exterior usando como garantia a produção futura da OGX. Torres
argumentou que o fato de a petroleira ainda não ter produção regular faria com
que os investidores exigissem um desconto muito alto para comprar os papéis.
Desgastado, Torres foi
demitido em abril. Mendonça, hoje uma espécie de bode expiatório para o
fracasso da OGX, era um otimista aparentemente sincero. Uma cópia de sua
declaração do imposto de renda de 2012, obtida por EXAME, mostra que ele tinha
mais de 9 milhões de ações da OGX. Um ano atrás, essas ações valiam 53 milhões
de reais. Hoje, valem 5 milhões.
Lucas Amorim e Roberta Paduan, de http://exame.abril.com.br/revista-exame/
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