Histórias de sucesso
inspiram. Histórias de fracasso ensinam. Como executivos e empresários de
qualquer setor podem aprender com a incrível ascensão e a fulminante queda de
Eike Batista?
A OGX tinha uma
equipe de exploração tirada a peso de ouro da Petrobras. Ela era responsável
pelas “descobertas” e por embasar os anúncios ao mercado. Faltava, no entanto,
uma equipe tarimbada de produção, que efetivamente tirasse o petróleo de lá. Na
hora do aperto, ter tantas empresas abertas só potencializou a crise de
confiança e acelerou a queda do grupo X.
4 Desenhou uma
estratégia tudo ou nada
O sucesso da venda de
parte da mineradora MMX para a Anglo American, em janeiro de 2008, inflou o
otimismo de Eike Batista. Para ele, aquela era uma prova de que seria possível
criar empresas e vendê-las para grandes grupos num curto espaço de tempo. A
transação inflou, também, o valor que ele mesmo atribuía às suas ideias.
E deu origem a um
plano que ou criaria um dos maiores grupos empresariais do mundo ou terminaria
em fracasso. Há cinco anos, começou a tentativa de repetir o sucesso da MMX nos
outros setores — cinco empresas do grupo abriram o capital a partir dali.
As empresas cresciam
com dívidas elevadas, nenhuma geração de caixa, planos de investimentos ousados
e premissas otimistas para o preço das commodities — e, como já foi visto, tudo
entrelaçado de forma simbiótica. Uma combinação extremamente arriscada, já que
o sucesso final do grupo dependeria de uma miríade de fatores, muitos deles
fora de seu controle.
Mas Eike seguiu,
firme, em sua tentativa de quebrar a banca. O otimismo era tanto que, em 2010,
ele recusou os 7,5 bilhões de dólares oferecidos pela chinesa Sinopec por 40%
dos direitos de exploração de seus poços de petróleo na Bacia de Campos. “Era o
momento de ter um sócio para dividir o risco, mas prevaleceu a ganância”, diz
um executivo que acompanhou as negociações.
Se tivesse vendido
parte da empresa na época, a OGX não teria uma dívida de 4 bilhões de dólares e
lhe sobraria algum caixa para investir em novos campos. Mas aquele se provou um
brutal erro de cálculo. Depois, Eike tentou vender participações em outras
empresas, mas não conseguiu e acabou obrigado a administrar todas as companhias
e efetivamente colocar, ou tentar colocar, os projetos de pé.
O excesso de
confiança fez com que Eike não se preparasse para um cenário em que as coisas
não dessem tão certo. “Ele poderia ter usado parte do dinheiro que captou para
comprar empresas estabelecidas e rentáveis”, diz o presidente de um banco de
investimentos.
Lucas Amorim e Roberta Paduan, de EXAME.
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