terça-feira, 13 de agosto de 2013

Alta do dólar: Causas

Estados Unidos
Para especialistas, a principal explicação para a alta do dólar vem dos Estados Unidos. Há a expectativa de que o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) possa, em breve, reduzir os estímulos à economia do país.
A aposta é baseada em dados que sinalizam uma recuperação da atividade econômica dos EUA, como a expansão maior do que prevista do PIB no segundo trimestre (de 1,7%) e a queda do desemprego, que atingiu o menor nível em quatro anos.
Desde 2009, o Fed recompra mensalmente cerca de US$ 85 bilhões (R$ 190 bilhões) em títulos do Tesouro americano numa operação conhecida como 'quantitative easing', ou simplesmente QE.
Os títulos públicos são usados pelos governos como forma de captar o dinheiro que necessita para financiar os gastos públicos não cobertos pela arrecadação de impostos. Em linhas gerais, o investidor 'empresta' dinheiro ao Tesouro para recebê-lo depois, acrescido de juros.
Ao decidir recomprar esses títulos, o Fed injeta dinheiro no sistema, aumentando a liquidez da economia. Um banco que se desfaça desse ativo pode, por exemplo, usar o dinheiro da venda para conceder empréstimos ao consumidor, estimulando a economia.
Parte desse súbito excedente de dinheiro tem sido usado por investidores para aplicar em mercados onde pudessem obter maiores retornos, como é o caso do Brasil que pratica uma das taxas de juros mais elevadas do mundo.
'Na medida em que o BC americano reduz os estímulos à economia, sobram menos recursos para essas aplicações, ou seja, menos dólares devem sair dos Estados Unidos em direção a outros países. A escassez da moeda americana, provoca invariavelmente alta da cotação', afirma à BBC Brasil Márcio Salvato, professor de economia do Ibmec-MG.
Além disso, o mercado prevê que, encerrado o programa de compra de títulos (QE) pelo Fed, o próximo passo será a elevação da taxa de juros nos Estados Unidos, hoje próxima a zero.
Nesse cenário, os títulos americanos tendem a ficar mais atraentes do que aplicações de maior risco em países emergentes, por exemplo.
'Com menos dólares no mercado, a tendência da moeda americana é se valorizar', diz Pedro Rossi, professor de economia da Unicamp.
China
Nos últimos meses, a desaceleração da China elevou os temores sobre o futuro da economia mundial.
O desempenho aquém do previsto da economia chinesa prejudicou especialmente os países que exportam commodities (matérias-primas) ao gigante asiático, como o Brasil e a Austrália, explicam economistas.
Como o preço de tais insumos é cotado internacionalmente - e em dólar -, a queda das importações teve um impacto no câmbio desses países. Tanto o real brasileiro quanto o dólar australiano, por exemplo, sofreram desvalorização ante ao dólar americano.
Além disso, a desaceleração da China impacta a confiança dos investidores que, em vez de buscar mercados de maior risco, como os emergentes, tendem a apostar em ativos considerados mais seguros, como o dólar. A maior procura pela moeda americana puxa para cima sua cotação.
Na semana passada, entretanto, dados positivos sobre a economia chinesa, que começou a dar sinais de estabilização após seis meses de desaceleração, deram novo ânimo a emergentes como o Brasil.
A bolsa de valores brasileira fechou em alta, revertendo as perdas do início da semana passada, e o dólar, em queda.
Brasil
Para economistas, outro fator que explica a trajetória recente de alta do dólar é, em menor grau, a perspectiva negativa para a economia brasileira.
Com espaço limitado para políticas de estímulo à economia e juros mais altos, o mercado já prevê um crescimento mais baixo para o Brasil este ano.
'A piora na avaliação dos investidores em relação à economia brasileira deprecia o câmbio', diz Alessandra Ribeiro, economista da Tendências Consultoria. 'As estatísticas mostram que o Brasil está descolado de outros emergentes. Isso aumenta o risco do país e afugenta investidores', acrescenta.
Aqui, mais uma vez, com maior desconfiança externa, menos dólares entram no Brasil, e a tendência é de valorização da moeda americana.
Segundo um levantamento feito pelo UBS Wealth Management, braço do banco suíço UBS para a gestão de patrimônio, o Credit Default Swap (CDS) â'€ espécie de seguro que os investidores compram para se proteger do risco de um país â'€ do Brasil alcançou patamar semelhante ao de nações com nota de crédito inferior.
A nota de crédito é concedida por agências de classificação de risco (rating), como Standard & Poor's e Fitch, e serve, em linhas gerais, como um termômetro para medir a capacidade de um país honrar suas dívidas (ou seja, não dar calote).

No mês passado, a Standard & Poor's colocou a nota do Brasil, atualmente BBB, em perspectiva negativa. Mas a Fitch manteve a classificação BBB do Brasil, com perspectiva estável.
Do http://g1.globo.com/economia em 12/08/2013 06h10 

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