O grande Agostinho de Hipona dizia que “o mal consiste em abusar do
bem”, e ainda:
“O pecado é o motivo da tua tristeza. Deixa a santidade ser o motivo da
tua alegria”.
O Catecismo começa dizendo que: “O
pecado é uma falta contra a razão, a consciência reta; é uma falta ao amor
verdadeiro, para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso
a certos bens”. (CIC §1849)
Santo Agostinho e São Tomás de Aquino, viam-no como uma “desordem”, e
diziam que é “uma palavra, um ato ou um desejo contra a lei eterna”. (Faust.
22; S.Th.1-2,71,6).
Ainda para Santo Agostinho ele é fruto do “amor de si mesmo até o
desprezo de Deus”. (Civita Dei 14,21)
Jesus ensina que a raiz do pecado está no coração do homem: “Com efeito, é do coração que procedem más
inclinações, assassinatos, adultérios, prostituições, roubos, falsos
testemunhos e difamações. São estas coisas que tornam o homem impuro”. (Mt
15,19-20)
Segundo a sua gravidade, a Igreja classifica os pecados em veniais e
mortais, seguindo a sua própria Tradição.
O pecado mortal leva o pecador a perder o “estado de graça”, isto é, a
“graça santificante”. O Catecismo afirma que:
“Se este estado não for recuperado mediante o arrependimento e o perdão
de Deus, causa a exclusão do Reino de Cristo e a morte eterna no inferno, já
que nossa liberdade tem o poder de fazer opções para sempre, sem regresso”.
(§1861)
O Catecismo ainda ensina que “o pecado mortal destrói a caridade no
coração do homem por uma infração grave da lei de Deus, desvia o homem de Deus,
que é seu fim último e bem- aventurança, preferindo um bem inferior”.
São Tomás de Aquino assim explica:
“Quando a vontade se volta para uma coisa de per si contrária à caridade
pela qual estamos ordenados ao fim último, há no pecado, pelo seu próprio
objeto, matéria para ser mortal… quer seja contra o amor a Deus, como a
blasfêmia, o perjúrio, etc., ou contra o amor ao próximo, como o homicídio, o
adultério, etc. Por outro lado, quando a vontade do pecador se dirige às vezes
a um objeto que contém em si uma desordem, mas não é contrário ao amor a Deus,
e ao próximo, como por exemplo palavra ociosa…tais pecados são veniais”. (S.
Th. 1,2,88,2; CIC §1856)
É bom notar que para haver o pecado mortal é preciso que a pessoa queira
deliberadamente, isto é, sabendo e querendo, uma coisa gravemente contrária à
lei de Deus e ao fim último do homem.
Portanto, para que haja pecado mortal deve haver pleno conhecimento e
consentimento; e quem peca deve saber e deve ter consciência do caráter
pecaminoso do ato a praticar, e de sua ofensa à Lei de Deus.
A ignorância involuntária, isto é, aquela que a pessoa não tem culpa,
pode diminuir ou até eliminar a culpa diante de uma falta mesmo grave, mas é
bom lembrar que Deus imprimiu nas consciências dos homens, a Lei natural, isto
é, os princípios da moral. (cf. CIC §1860). A Igreja reconhece que os
movimentos da sensibilidade da pessoa, bem como o mecanismo das paixões, as
pressões exteriores, as perturbações patológicas, etc., em certos casos, podem,
diminuir o caráter voluntário e livre do pecado cometido, e
consequentemente a sua culpa. (cf. CIC §1860)
Por: Prof. Felipe Aquino - Retirado do livro: “Os pecados e Virtudes Capitais” - (Publicado em Cléofas, no dia
27 de agosto)
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