Avalanche de notícias
das empresas "X" aponta para salvação dos dois portos que Eike se
esforçou para erguer, mas prova que pessimismo do mercado não foi à toa e permitirá
salvar o Porto do Açu.
Rio de Janeiro - O
grupo EBX,
do empresário Eike Batista, inundou o mercado nesta semana com informações que
levaram especialistas e investidores a enxergar com mais precisão o destino de
seus ativos e empresas, ameaçados por uma crise de confiança que varreu a
holding nos últimos meses.
A avalanche de
notícias das empresas "X" aponta para a salvação dos dois portos que
Eike se esforçou para erguer no Rio de Janeiro, mas também prova que o
pessimismo do mercado em relação à petroleira OGX não foi à toa, com
investidores igualmente desconfiados quanto ao futuro da empresa de construção
naval OSX.
A transferência do
controle da empresa de logística LLX para a norte-americana EIG foi uma decisão
de Eike que permitirá salvar o Porto do Açu, dando continuidade a um
empreendimento fundamental para a infraestrutura do Brasil, afirmou à Reuters o
representante de entidades portuárias no país.
"Meritório ele
ter tomado esta medida, abrir mão de direitos para um terminal que é
estratégico, importante e necessário para o país", disse o presidente da
Associação Brasileira de Terminais Portuários (ABTP), Wilen Manteli.
A LLX firmou um termo
de compromisso para receber da empresa do setor de energia EIG Management
Company 1,3 bilhão de reais, que permitirão à empresa de logística executar o
Porto do Açu, um arrojado projeto localizado no Norte fluminense previsto para
operações de minério de ferro, petróleo, entre outros produtos.
A capacidade
financeira do grupo EBX de concluir as obras do Porto do Açu, um dos principais
projetos de Eike, era uma das principais preocupações de especialistas,
investidores e credores do grupo EBX. As ações da LLX fecharam em alta de 10,60
por cento na quinta-feira, dia seguinte após o anúncio da saída de Eike do
controle da empresa e acumulam alta de mais de 70 por cento em agosto.
É a segunda vez que o
empresário abre mão do controle de uma das empresas do grupo EBX. Ele deixou a
presidência do Conselho de Administração da empresa de energia MPX e vendeu a
maior parte da sua participação para a companhia alemã E.ON em julho.
Trunfo da MMX
Em meio a tantas
notícias, o grupo EBX também confirmou a venda da MMX e ativos da CCX, conforme
a Reuters antecipou em junho.
A CCX informou --logo
após o anúncio de transferência de controle da LLX-- que negocia a venda dos
projetos a céu aberto Cañaverales e y Papayal.
Mais uma vez, o
grande trunfo de Eike para negociar a venda de uma empresa sua é um porto. O
ativo mais cobiçado da MMX, o Porto do Sudeste, chegou a ser alvo de oferta de
compra isolada, mas o empresário não quis vender. Não faz sentido vender o
porto sem a mina, pois não haveria como escoar o minério de Minas Gerais sem o
Porto do Sudeste, explicou recentemente uma fonte que acompanha
O Porto do Sudeste
deverá entrar em operação no prazo estimado, no final deste ano, com conclusão
de 92 por cento da primeira etapa das obras e recursos suficientes para chegar
até o fim.
Mais que um terminal
para escoar minério da MMX, o Porto do Sudeste será fundamental para permitir o
desenvolvimento de outros projetos de mineração da região do Quadrilátero
Ferrífero, que aguardam por soluções de infraestrutura.
Analistas Ivano
Westin e Marina Melemendjian, do Credit Suisse, esperam uma reação positiva das
ações da MMX, principalmente devido a expectativas de novos detalhes da
administração sobre a potencial venda de fatias da companhia.
Alerta para dívidas
Também em processo de
reestruturação, a OGX anunciou na noite de quarta-feira, junto com prejuízo
causado por sucessivos fracassos exploratórios, a contratação da companhia de
investimentos norte-americana Blackstone para ajudá-la em negociações com
credores. "A OGX contratou um
consultor para ajudar na reestruturação do capital, mas achamos difícil
imaginar uma circunstância em que os acionistas serão beneficiados",
assinalou a analista Paula Kovarsky, do Itaú BBA.
Especialistas não
estão otimistas quanto à situação da empresa e às perspectivas de venda ou
novos recursos em caixa, após a divulgação de um balanço que expõe um elevado
endividamento para uma empresa de petróleo que mal gera receita, sem
perspectivas firmes de elevar a produção.
"Empresas pré-operacionais de petróleo não podem fazer dívida,
ainda mais muita dívida, dando como garantia ativos que elas não sabem se
terão", afirmou um especialista do setor que trabalha como consultor de
petroleiras e que pediu anonimato. "Isso é premissa importante no mundo do
petróleo, uma lição." A companhia amargou prejuízo de 4,7 bilhões de reais
impactado principalmente pela provisão de perdas com campos de petróleo
considerados inviáveis economicamente.
"Não encontrar
petróleo rapidamente é normal na indústria do petróleo, é natural o que está
acontecendo com a OGX, mas o mercado quer retorno e não espera o ritmo da
indústria petrolífera, que é de longo prazo", afirmou o especialista Jean
Paul Prates.
A OGX realizou uma
extensa e rápida campanha exploratória na Bacia de Campos, mas o saldo dessa
busca ainda está longe de ser suficiente para pagar a dívida, o que tem levado
credores a uma forte desconfiança. A dívida da OGX encerrou junho a 8,7 bilhões
de reais, ante 8,04 bilhões de reais em dezembro de 2012. No primeiro semestre,
a empresa não fez novas captações. "Um
ponto sempre de preocupação para a OGX é sua posição de caixa", disse a
Planner, em relatório após o resultado do segundo trimestre. A posição de caixa da empresa de Eike
minguou em cerca de 822 milhões de dólares no trimestre, encerrando junho em
326 milhões de dólares, queda de 72 em relação ao encerramento do primeiro trimestre
de 2013.
Efeito colateral
O insucesso da OGX em
áreas de petróleo da Bacia de Campos acabou arrastando a OSX, braço do grupo
EBX para a indústria naval, um vez que houve o cancelamento da contratação de
plataformas. O diretor-presidente da
OSX, Carlos Bellot, disse na quinta-feira, em teleconferência de resultados
trimestrais com analistas, que a venda do controle da companhia não está sendo
considerada neste momento.
Revista Exame e Reuters
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