O Catecismo lembra que: “O pecado
por malícia, por opção deliberada do mal, é o mais grave”. (§1860)
Acontece a malícia quando há uma intenção maldosa, uma “exploração do
mal”, por sagacidade, sátira, comércio, etc. É diferente o pecado daquele que
sucumbiu por fraqueza, daquele que explorou o pecado. Por exemplo, é muito mais
grave explorar a prostituição do que cair nela, eventualmente, por fraqueza,
embora ambas as quedas sejam graves.
“É pecado mortal todo pecado que tem como objeto uma matéria grave, e
que é cometido com plena consciência e deliberadamente”. (§1857; RP,17)
“A matéria grave é precisada pelos dez mandamentos segundo a resposta de
Jesus ao jovem rico: ‘Não mates, não cometas adultério, não roubes, não
levantes falso testemunho, não defraudes ninguém, honra teu pai e tua mãe’ (Mc
10,19)”. (CIC §1858)
Portanto, a gravidade dos pecados pode ser maior ou menor conforme o
dano provocado pelo mesmo. Também a qualidade da pessoa ofendida entra em
consideração. Ofender ao pai é mais grave que ofender um estranho.
Santo Afonso de Ligório, doutor da Moral, diz que o “pecado mortal é um
monstro tão horrível, que não pode entrar numa alma que por longo tempo o
detestou, sem se fazer claramente conhecido”.
Dizia ainda o santo doutor que o pecado mortal é aquele que se comete de
“olhos abertos”; isto é, sem dúvidas do mal que se está praticando.
O pecado venial acontece quando não se observa a lei moral em matéria
leve, ou então quando se desobedece a lei moral em matéria grave, sem perfeito
conhecimento ou consentimento (cf. CIC §1862). Não nos torna contrários a
vontade de Deus e a sua amizade; não quebra a comunhão com Ele, e portanto, não
priva da graça de Deus e do céu.
Contudo, não se deve descuidar dos pecados veniais, pois, eles
enfraquecem a caridade, impede a alma de crescer na virtude, e, quando é aceito
deliberadamente e fica sem arrependimento, leva a pessoa, pouco a pouco, ao
pecado mortal.
Santo Agostinho lembra que “o acúmulo dos pequenos vícios traz consigo a
desesperança da conversão”. “O homem não pode enquanto está na carne, evitar
todos os pecados, pelo menos os pecados leves. Mas esses pecados que chamamos
leves, não os consideres insignificantes: se os consideras insignificantes ao
pesá-los, treme ao contá-los. Um grande número de objetos leves faz uma grande
massa; um grande número de gotas enche um rio; um grande número de grãos faz um
montão. Qual é então a nossa esperança? Antes de tudo a confissão…”.(Ep. Jo
1,6; CIC §1863)
Muitos perguntam o que é o pecado contra o Espírito Santo. A Igreja
ensina que é o daquele que rejeita livremente acolher, pelo arrependimento, a
misericórdia de Deus, “rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida
pelo Espírito Santo”. É o endurecimento do coração, a tal ponto, que leva a
pessoa a rejeitar até a penitência final. Se morrer neste triste estado,
experimentará a perdição eterna. (cf. CIC §1864)
O pecado gera na pessoa uma tendência ao próprio pecado. Podemos dizer
que quanto mais se peca, mais se está predisposto ao pecado. A repetição
torna-se vício. E assim, nasce na pessoa a inclinação à perversão, obscurece-se
a consciência, e vai se perdendo o discernimento entre o bem e o mal. Não foi
sem razão que o Papa Paulo VI disse certa vez que, o pior pecado deste mundo é
achar que o pecado não existe. A prática do pecado, continuamente, faz com que
a pessoa perca a noção da sua gravidade. No entanto, por pior que seja, o
pecado não consegue, de todo, “destruir o senso moral até a raiz”. (CIC §1864)
Diante de nossos pecados, não adianta se desesperar ou desanimar; a
única atitude correta é enfrentá-los com boa disposição interior e com a graça
de Deus. São Francisco de Sales, bispo e doutor da Igreja, dizia que não
adianta ficar “pisando a própria alma”, depois de ter caído no pecado.
Até mesmo os nossos pecados, aceitos com humildade, podem nos ajudar a
crescer espiritualmente. Santo Afonso de Ligório dizia:
“Mesmo os pecados cometidos podem concorrer para a nossa santificação na
medida que a sua lembrança nos faz mais humildes, mais agradecidos às graças
que Deus nos deu, depois de tantas ofensas”.
Retirado do livro: “Os pecados e Virtudes Capitais”