A primeira leitura do resultado do Bradesco, divulgado nesta manhã, mostra dados em linha com os nossos números e consenso. Lucro de BRL 2.978 mn, 2% a 3% abaixo das nossas expectativas e as do mercado. Lucro ajustado cresceu 1,2% QoQ. ROE subiu para 17,1% (vs 16,7%), fato explicado pela marcação a mercado de alguns titulos pre-fixados, que impactaram negativamente o book value, que caiu cerca de BRL 3.5 bn, de BRL 70 bn para BRL 66,6 bn. Crescimento de carteira de 2,6% QoQ e 9,5 % YoY. O banco revisou o guidance de crescimento de 13%-17% para 11%-15% YoY, também reduzindo sua previsão de crescimento de NII. Por outro lado, houve revisão para cima de receita de fee, de 9%-13% para 12%-16%. Basileia de 15,4% - estável QoQ. Qualidade dos ativos melhorou QoQ, com queda no índice de inadimplência. Resultado da tesouraria caiu para BRL 928 mn. Mais detalhes a seguir.
* Farmácias - As ações do setor underperformaram na semana passada, resultado da perda do benefício fiscal federal sobre a desoneração da folha de pagamentos. O benefício fiscal consiste na troca da contribuição (INSS) de 20% sobre a folha de pagamento das empresas por um tributo de 1% sobre as vendas brutas. De acordo com o management da Raia Drogasil e Brasil Pharma, o efeito líquido gerado situa-se entre 45-60 pbs na margem EBITDA. As drogarias haviam sido incluídas nos meses de abril e maio no setor de varejo para o benefício fiscal, e também constavam da versão original da medida provisória que estende o benefício para os próximos dois anos, que foi aprovado na semana passada. No entanto, essa indústria foi excluída do texto final da MP, que foi aprovado no final da semana de 8 de Julho, aparentemente devido a disputas políticas envolvendo o prefeito do Rio de Janeiro. A ABRAFARMA e outras associações da indústria estão agora tentando reverter a situação e incluir o benefício fiscal em outra medida provisória. No entanto, a probabilidade de aprovação é incerta. Nossos analistas vêem a notícia como ruim para as farmacêuticas, por duas razões principais: (i) demonstra que a indústria também enfrenta riscos políticos, apesar da percepção de menor interferência do governo nos últimos anos. (ii) apesar do forte foco na integração das operações recentemente incorporadas, os ganhos de margem que estávamos esperando podem não se materializar. De acordo com nossas estimativas atuais, esperamos uma margem EBITDA de 6,3% para a Raia Drogasil e 5,9% para a Brasil Pharma em 2013. O impacto potencial dessa perda seria de aproximadamente 10% em nosso EBITDA para 2013. Como resultado, reiteramos nosso Equal Weight para as ações, apesar do sell off recente
* VALE5 (OW; YE13 TP 54) - A Exame publicou que a Previ (maior acionista da Valepar) teria contratado um banco para coordenar a redução da sua participação na Valepar, para enquadramento com a regulamentação do fundo de pensão. A Previ, em resposta ao questionamento do regulador, confirmou sua intenção de vender uma parte de sua participação. Alguns pontos: (i) Não é novidade que a Previ precisa reduzir esta participação, dado que há algum tempo o fundo de pensão não está em conformidade com as regras. (ii) Não está claro se a redução será feita através de venda para o mercado. Acreditamos que a negociação para outro acionista do grupo de controle seria o mais provável (Bradespar ou Mitsui), atendendo ao direito de preferência (lembramos que a Valepar não é listada). (iii) Se uma transação entre os acionistas controladores atuais for confirmada, provavelmente haverá o início das discussões referentes à renovação do acordo de acionistas da Valepar. O Renato Antunes escreveu sobre este assunto em janeiro (relatório anexo), produzindo uma análise dos possíveis cenários . Dependendo das condições, uma renovação seria positiva para a Bradespar, que tem underperformado devido às preocupações sobre o tema. A Previ possui cerca de 50% da Valepar que, por sua vez, detém 33% do capital total da Vale por meio de ações ON. Assim, nos preços correntes, a participação total da Previ vale cerca de USD 12 bi.
* Macro - Alexandre Tombini, em entrevista publicada ontem no Estadão, afirmou que a economia teve um melhor ritmo de recuperação no 2Q13 e deve crescer um pouco mais que os 0,6% do 1Q13 mas, com a queda na confiança, o investimento deve ter fraquejado a partir de junho. A política de combate à inflação atua na recuperação da confiança, porém o presidente do BC disse que também são necessárias a efetivação dos leilões de infraestrutura e mais clareza sobre a política fiscal, atribuindo ao Governo a responsabilidade de mostrar uma estratégia fiscal, mesmo que o superávit primário não seja o inicialmente planejado. A melhor contribuição do BC nessa cenário é conter a inflação e lidar com a volatilidade da taxa de câmbio. Ele afirmou que a inflação de 2013 será menor do que em 2012 e rejeitou a visão do Mantega de que a fraqueza do BRL é irrelevante para a inflação, estimando que 20% de depreciação aumenta a inflação em 1 ponto percentual. Tombini expressa confiança sobre o BoP num cenário de normalização dos EUA e está monitorando a dívida externa de empresas e bancos, mas não vê problemas como os ocorridos em 2008, nem mesmo em relação ao grupo X. Ele não parece excessivamente preocupado com a "normalização" dos EUA, dentro da visão que um dólar mais forte é bom para a economia mundial. Em relação à atividade, admitiu que os últimos dois meses devem mostrar enfraquecimento. Nosso time macro destacou o apelo à política fiscal contida e clara, acreditando que Tombini pode estar emergindo como a principal figura na equipe econômica de Dilma Rousseff.
Da Agência BrasilPlural
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