terça-feira, 30 de dezembro de 2014

ECONOMIA EM DEBATE

Aos 53 do segundo tempo…
Abrimos a semana da virada com uma virada no relatório Focus.
Mais PIB e menos inflação, algo que há algum tempo não víamos.
Encerraremos 2014, portanto, com apostas de "crescimento" de 0,14% e de IPCA em 6,38% para este ano.
Retrospectiva: voltando a janeiro de 2014, o primeiro relatório Focus apontava expectativa de crescimento de 1,95% para o PIB e inflação em 5,97%…
Esse mercado de projeções bêbadas seria mesmo um pessimista por natureza?

O mundo dá voltas
Após assumir a necessidade de ajuste e nomear Joaquim Levy na Fazenda, a bola da vez do Governo Dilma agora é o chamado Focus Fiscal.
O governo, que já alinhou a sua meta de crescimento para 2015 à projeção do mercado, pode seguir as atualizações do boletim semanal como saída para dar mais transparência e acurácia às suas metas…
Hein?
Retrospectiva: menos de três meses atrás, interlocutores do governo escurraçavam as projeções do mercado, taxando os financistas de imperialistas, especuladores e/ou terroristas.
Talvez tenham, enfim, percebido o otimismo por natureza.

Ainda (muuuuito) pior
Peço sinceras desculpas.
Gostaria de estar tomado pelo clima natalino, entrando em 2015 sob otimismo inabalável, passando as melhores notícias e projeções do mundo ao leitor…Mas não posso otimitir fatos, e negar a dura realidade.
As manchetes econômicas vão de mal a pior.
Das poucas desta segunda-feira, as mais relevantes apontam:
Queda na produção da Petrobras em novembro
- Contas de luz subirão 8,3% em janeiro, em função do início das bandeiras tarifárias
- Queda de 1,5% na confiança da indústria em dezembro
- Pior resultado do governo central dos últimos 18 anos
Sugiro atenção especial a essa última. A mediana das projeções era zero; veio mais R$ 6,7 bilhões de déficit em novembro, acumulando rombo de R$ 18 bilhões nas contas públicas centrais em 2014 (até o final de novembro).

O nosso crash
Recorto, abaixo, trecho da entrevista de Levy ao Valor:
Valor: O senhor diria que estamos, hoje, como os Estados Unidos antes de eclodir a crise de 2008?
Levy: Aqui não há riscos imediatos no sistema financeiro em si. Mas vale lembrar que a crise financeira global de 2008 veio da política do governo Bush de sustentação do crescimento baseada em desonerações tributárias e expansão do crédito garantida pelo Tesouro americano. Para tentar que a economia crescesse tanto quanto no período Clinton, Bush expandiu o crédito imobiliário fácil, apoiado na garantia do Tesouro a empresas como a Fannie Mae. Ele fechou os olhos ao aumento de alavancagem geral para manter o desemprego baixo. O coquetel se completava com o corte de impostos para agradar parcelas chaves do eleitorado e algum protecionismo.

Levy é ótimo, basta ler a entrevista para atestar o abismo de credibilidade em relação ao seu antecessor.
Mas precisa de total autonomia, e de sorte.
Se ele fizer tudo certo em 2015, teremos um ano ainda pior em termos de crescimento, geração de empregos e inflação em relação a 2014, mas surgirá base para um bom ano, quem sabe, em 2016.





O gráfico que está aterrorrisando Wall Street
Semelhança assustadora entre a performance da Bolsa americana em 1928-29 e 2012-14.
Cada um com a sua referência histórica.
Eu acho sim que as ações americanas estão caras, mas também sei que olhos interessados encontram paralelos em quaisquer períodos.

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