Aos 53 do segundo tempo…
Abrimos a semana
da virada com uma virada no relatório Focus.
Mais PIB e menos inflação, algo que há algum tempo não víamos.
Encerraremos
2014, portanto, com apostas de "crescimento" de 0,14% e de IPCA em
6,38% para este ano.
Retrospectiva:
voltando a janeiro de 2014, o primeiro relatório Focus apontava expectativa
de crescimento de 1,95% para o PIB e inflação em 5,97%…
Esse mercado de
projeções bêbadas seria mesmo um pessimista por natureza?
O mundo dá voltas
Após assumir a
necessidade de ajuste e nomear Joaquim Levy na Fazenda, a bola da vez do
Governo Dilma agora é o chamado Focus Fiscal.
O governo, que já
alinhou a sua meta de crescimento para 2015 à projeção do mercado, pode
seguir as atualizações do boletim semanal como saída para dar mais
transparência e acurácia às suas metas…
Hein?
Retrospectiva:
menos de três meses atrás, interlocutores do governo escurraçavam as
projeções do mercado, taxando os financistas de imperialistas, especuladores
e/ou terroristas.
Talvez tenham,
enfim, percebido o otimismo por natureza.
Ainda (muuuuito) pior
Peço sinceras
desculpas.
Gostaria de estar
tomado pelo clima natalino, entrando em 2015 sob otimismo inabalável,
passando as melhores notícias e projeções do mundo ao leitor…Mas não posso
otimitir fatos, e negar a dura realidade.
As manchetes
econômicas vão de mal a pior.
Das poucas desta segunda-feira, as mais relevantes apontam:
Queda na produção
da Petrobras em novembro
- Contas de luz subirão 8,3% em janeiro, em função do início das bandeiras tarifárias
- Queda de 1,5%
na confiança da indústria em dezembro
- Pior resultado
do governo central dos últimos 18 anos
Sugiro atenção
especial a essa última. A mediana das projeções era zero; veio mais R$ 6,7
bilhões de déficit em novembro, acumulando rombo de R$ 18 bilhões nas contas
públicas centrais em 2014 (até o final de novembro).
O nosso crash
Recorto, abaixo,
trecho da entrevista de Levy ao Valor:
Valor: O senhor diria que estamos, hoje, como os Estados Unidos antes de
eclodir a crise de 2008?
Levy: Aqui não há riscos imediatos no sistema financeiro em si. Mas vale
lembrar que a crise financeira global de 2008 veio da política do governo
Bush de sustentação do crescimento baseada em desonerações tributárias e
expansão do crédito garantida pelo Tesouro americano. Para tentar que a
economia crescesse tanto quanto no período Clinton, Bush expandiu o crédito
imobiliário fácil, apoiado na garantia do Tesouro a empresas como a Fannie
Mae. Ele fechou os olhos ao aumento de alavancagem geral para manter o
desemprego baixo. O coquetel se completava com o corte de impostos para
agradar parcelas chaves do eleitorado e algum protecionismo.
Levy é ótimo, basta ler a entrevista para atestar o abismo de credibilidade em relação ao seu antecessor.
Mas precisa de
total autonomia, e de sorte.
Se ele fizer tudo certo em 2015,
teremos um ano ainda pior em termos de crescimento, geração de empregos e
inflação em relação a 2014, mas surgirá base para um bom ano, quem sabe, em
2016.
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O gráfico que está
aterrorrisando Wall Street
Semelhança assustadora entre a performance da Bolsa americana em 1928-29 e
2012-14.
Cada um com a sua referência histórica.
Eu acho sim que as ações americanas estão caras, mas também sei que
olhos interessados encontram paralelos em quaisquer períodos.
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