A fé é luz. Deus chega ao coração do ser humano para levar luz. “Eu sou a luz, e vim ao mundo para que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas” (João 12, 46).
A Revelação busca o homem em seu próprio ambiente, acompanha-o nas profundezas do seu interior, que muitas vezes ele sela por temor de ser vulnerável. Deus quis assumir a vida humana para fazer o homem sentir sua proximidade.
O Verbo se fez carne, sujou-se, tocou todas as situações que o ser humano vive, recordando-lhe que a natureza humana não pode prescindir de amar e confiar. Amar, de fato, significa confiar, porque a vida é um contínuo ato de fé. Um bebê, quando nasce, não pode fazer nada, a não ser confiar em seus pais.
Aquele que crê, ao aceitar o dom da fé, reveste-se de uma luz nova, é transformado em uma nova criatura, torna-se filho no Filho.
A fé, no entanto, não é um troféu ou um ponto de chegada, mas sim um ponto de partida. Desde o momento em que acolhe o dom da fé, o cristão começa um caminho completamente novo, cheio de surpresas, no qual não faltam as dificuldades.
A verdadeira relação que o homem estabelece com Deus precisa de um dinamismo, de um contínuo conhecimento, de uma contínua descoberta, de um constante confiar e abandonar-se, um contínuo “êxodo”: uma aventura compartilhada na qual Deus age com o homem e no homem.
Para nutrir e reforçar esta fé, é necessário manter o coração “vulnerável” ao amor de Deus, não deixar de nutrir-se da Palavra de Deus, dos sacramentos, da oração individual e comunitária, para um crescimento que leva à santidade da vida, a um amor que não é somente vertical, mas horizontal, ou seja, capaz de abraçar toda a humanidade.
A fé é uma graça. Quando Pedro confessa que Jesus é "o Cristo, o Filho de Deus vivo”, Jesus lhe diz: “Feliz és, Simão, filho de Jonas, porque não foi a carne nem o sangue que te revelou isto, mas meu Pai que está nos céus” (Mateus 16,17).
A fé é um ato humano: "Não é contrário nem à liberdade nem à inteligência do homem depositar a confiança em Deus e aderir às verdades por Ele reveladas" (Catecismo da Igreja Católica, 154). Na fé, a inteligência e a vontade humanas cooperam com a graça divina.
A fé é confiável, é o mais confiável dos conhecimentos humanos, porque se baseia na Palavra de Deus, que não mente.
"Nunca haverá uma verdadeira divergência entre fé e razão: pois o próprio Deus que revela os mistérios e comunica a fé também depositou no espírito humano a luz da razão. Deus não poderia negar a si mesmo, nem o verdadeiro poderia contradizer o verdadeiro" (Concílio Vaticano I).
“A investigação metódica em todos os campos do saber, quando levada a cabo de um modo verdadeiramente científico e segundo as normas morais, nunca será realmente oposta à fé, já que as realidades profanas e as da fé têm origem no mesmo Deus” (Gaudium et spes, 36).
A fé é livre. Para ser humana, a resposta da fé do homem a Deus precisa ser voluntária: "Ninguém deve ser forçado a abraçar a fé contra a sua vontade. Porque o ato de fé é voluntário por sua própria natureza" (Dignitatis humanae, 10).
A fé é início da vida eterna. Ela nos permite saborear antecipadamente a alegria e a luz da visão beatífica, final do nosso peregrinar. Então veremos Deus "face a face" (1 Coríntios 13, 12), "tal como Ele é" (1 João 3, 2).