segunda-feira, 7 de julho de 2014

O MOMENTO ECONÔMICO SEGUNDO ESPECIALISTAS

Comentário Semanal – 04/07/2014
No cenário internacional, o destaque foi a divulgação dos dados de mercado de trabalho dos Estados Unidos, que apontaram para uma forte recuperação em junho. Os dados trouxeram mais otimismo em relação à economia americana e aumentaram as apostas de que a elevação dos juros possa acontecer ainda esse ano. Na Europa, os dados de vendas no varejo de maio decepcionaram, reforçando a perspectiva o processo de recuperação da economia do bloco é lento.
No Brasil, do lado de atividade, o destaque foi a divulgação da produção industrial de maio – o produto na indústria caiu 0,6% na comparação mensal em maio, perto da nossa expectativa de uma diminuição de 0,7% na comparação mensal, levando o ritmo médio trimestral a -0,5% mensal (o mais lento desde o final de 2013). Como esperado, a força negativa veio da produção de veículos, que caiu 21% na comparação anual e de 3,9% na comparação mensal. O efeito de carrego para o segundo trimestre da produção industrial é de -1,2% no trimestre, mas esperamos - com base em índices de confiança que permanecem muito abaixo das médias históricas, bem como os principais indicadores – outro dado negativo em junho, o que implicaria em um resultado ainda mais negativo para o segundo trimestre, com impacto importante no PIB.
A semana foi também de notícias preocupantes do lado fiscal. O resultado primário do setor público consolidado registrou déficit de R$ 11,0 bilhões em maio, um pouco abaixo da nossa expectativa (R$ 11,7 bilhões), mas bem acima do consenso de mercado (R$ 8,4 bilhões), atingindo o segundo maior déficit mensal desde dezembro de 2001 (a mais alta foi em dezembro de 2008, R$ 21,0 bilhões). O principal fator para este resultado foi o governo central, que já havia mostrado números decepcionantes na semana anterior, mas os governos regionais também registraram um superávit primário baixo, R$ 12 m em comparação com R$ 1,2 bilhões em maio de 2013. Portanto, em uma análise sobre os últimos 12 meses, o superávit primário do governo central caiu para 1,22% do PIB (de 1,56% em abril) e o dos governos regionais caiu para 0,29% do PIB (de 0,32%). Além disso, se excluirmos as receitas extraordinárias no final de 2013, o superávit primário do setor público cai para 0,8% do PIB. A dívida líquida do setor público em porcentagem do PIB aumentou para 34,6%, um pouco acima da nossa expectativa (34,4%), e de 34,2% em abril. Olhando para frente, prevemos um superávit primário de 1,6% do PIB este ano, mas os riscos são inclinados para o lado negativo, devido ao impacto da desaceleração da atividade sobre as receitas fiscais nos próximos meses.
A balança comercial registrou superávit de US$ 2,4 bilhões em junho, menor do que a nossa expectativa (US $ 3,1 m) e do consenso de mercado (US $ 2,8 bilhões). O déficit comercial acumulado no ano caiu para US$ 2,5 bilhões, ante U$ 3,1 bilhões observado no mesmo período do ano passado. As exportações ficaram em linha com a nossa expectativa, e a surpresa veio no setor de importações. Em 12 meses, o superávit comercial se mantém em US$ 3,1 bilhões e deve contribuir para um déficit em conta corrente estável.
No campo eleitoral, o destaque da semana foi a pesquisa da Datafolha, que mostrou um aumento nas intenções de voto para todos os principais candidatos, com resultados positivos para Dilma Rousseff, sob o clima favorável em torno da Copa do Mundo Fifa. O índice de aprovação do governo subiu para 35% de 33% em junho, com melhoria da avaliação da população em uma série de indicadores, como o otimismo em relação à economia brasileira, as condições financeiras da família, a inflação, o poder de compra e emprego. As intenções de voto na Dilma cresceu 4pps para 38%; Aécio Neves subiu para 20%, de 19%; e Campos subiu para 9%, passando de 7%. É importante ressaltar que a diferença entre o apoio a Dilma e a soma de todos os outros candidatos aumentou de -1% para 0% na pesquisa anterior - ou seja, continua a ser provável que devemos ver uma eleição presidencial com dois turnos, mas, dentro da margem de erro, a pesquisa aumentou as chances de que a eleição terá apenas uma rodada. Além disso, a taxa de rejeição de Dilma reduziu para 32% a partir de 35% de um mês atrás, enquanto Neves caiu para 16%, de 29% e Campos caiu para 12%, de 29%. Apesar da recuperação marginal da Rousseff, acreditamos que a pesquisa ainda mostra um cenário desafiador para o governo já que as intenções de voto ainda sugerem que haverá dois turnos e a taxa de rejeição de Dilma continua sendo a maior entre os principais candidatos. Além disso, o clima positivo em torno da Copa do Mundo Fifa pode ter ajudado esses números.
Nos mercados, o dólar fechou cotado a R$ 2,21 no final da semana, o que representou depreciação da moeda brasileira de 0,9% em relação à semana anterior. A curva de juros diminuiu a inclinação em relação ao fechamento da semana anterior: contrato para janeiro de 2016 teve queda de 0,05 pp para 11,11%, enquanto o janeiro de 2018 recuou 0,11 pp para 11,65%. O Ibovespa fechou a sexta-feira com avanço de 1,2% em relação à semana anterior, levando a alta no ano para 4,4%

O comentário observado é um documento foi desenvolvido e preparado pela Brasil Plural Corretora de Câmbio, Títulos e Valores Mobiliários S.A (“Brasil Plural CCTVM”).
As informações e análises contidas nesse material são de caráter exclusivamente informativo

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