quinta-feira, 10 de julho de 2014

AGARRE O QUE PUDER!

Luiz Carlos Prates é jornalista conceituado e escreve para vários jornais. Tem sua opinião muito forte e clara. Alguns de seus comentários repasso a seguir. É bom refletir.

¨Há um velho ditado que diz que “quem tudo quer, tudo perde”. Gosto dos ditos populares, dos aforismos, dos provérbios porque eles resumem em poucas palavras formidáveis verdades humanas. Dizer que quem tudo quer tudo perde significa dizer que precisamos ter controle sobre nossos impulsos, nossos ímpetos, mais das vezes, irracionais. Consumo, por exemplo. Vivemos confundindo necessidade com desejo.
Almoçar ou jantar todos os dias é necessidade física, mas almoçar ou jantar numa sonhada viagem de férias a Paris não é necessidade, é desejo. A necessidade é imperiosa, já o desejo pode ser deixado de lado. O problema é deixar de lado. A sociedade do consumo nos impõe a felicidade por meio do consumo, consumir é ser… Baita estupidez! O sujeito pode estar debaixo da ponte, sem nada, e ser mais feliz que um ricaço que não sabe mais onde mais pôr o dinheiro…
Essa história do “quem tudo quer, tudo perde” foi objeto de produção de um programa de televisão nos fins da década de 60. Era na TV Tupi, programa para crianças patrocinado pela Manufatura de Brinquedos Estrela. Crianças eram sorteadas e depois chamadas à tevê para participar do “Agarre o que puder”. Era assim: as crianças tinham 30 segundos para correr entre gôndolas de um supermercado de brinquedos. Tudo o que elas pudessem pegar e não deixar cair seria delas, podiam levar para casa.
Acontece que na ânsia de pegar tudo e mais um pouco, esgotavam-se os 30 segundos e a criança ficava apenas com um carrinho de plástico na mão. O resto tinha deixado cair na pressa de pegar o mais possível. Quem tudo queria, quase tudo perdia…
Anos mais tarde, na sociedade do consumo, os estúpidos da vida fazem a mesma coisa: endividam-se querendo ter tudo, acabam sem nada ou com muito pouco. Sobram-lhes as dívidas, e os casamentos desfeitos. Trouxas!¨
COITADOS
Sim, coitados dos jovens de hoje que andam por aí, perdidos, desorientados, ainda que bem vestidos e em bons colégios. Eles precisam de pais “morais” e só têm pais “materiais”. Carros, celulares, grifes, nefastos intercâmbios, colégios e faculdades caros, tudo do bom e do melhor mas na alma dos jovens o vazio da falta de amor. Pais lacaios confundem dar bens materiais com amor. Confundem ou buscam compensar a falta de amor, de pulso, de regras, de rédea puxada. E isso não seria dureza, seria amor. Só a rédea puxada, o “não”, educa; o mais é covardia, falso amor. Sem o amor da rédea puxada os jovens se desorientam, caem nas drogas, na delinquência, no crime e na infelicidade. Um pai que educa? Por favor, faça-me conhecê-lo, quero dar-lhe um abraço e dizer da minha admiração…
TANSA
Num debate sobre meritocracia em sala de aula, olimpíadas de matemática, português, ciências, essas coisas, uma professora manifestou-se contrária. A tansa disse – na Veja – que “A olimpíada vai discriminar os estudantes e, na minha maneira de ver as coisas, na sala de aula todos são iguais”. Iguais uma ova! Escola que não “discrimina” pelo saber, pelos esforços, pelos estudos do aluno, iguala os desiguais e isso depõe contra os bons. Bons e vagabundos ficam iguais? Essa não, nunca. Aos bons o que de direito merecem, aos vadios “látegos”, que criem vergonha na cara.
FALTA DIZERÉ bom que toquemos a campainha da verdade, lá vai, acabei de ouvir: – Seguir o politicamente correto não passa de uma cultura descarada do medo e não uma preocupação com a justiça… Não dizer na cara dos descarados – crianças ou velhos – que estão errados vai deixá-los mais ainda folgados, achando-se os tais. Estou fora!

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