SÃO PAULO – O grupo japonês Kirin anunciou nesta segunda-feira a aquisição do controle da cervejaria brasileira Schincariol por R$ 3,95 bilhões. A Kirin comprou a Aleadri-Schinni Participações e Representações, de Alexandre e Adriano Schincariol. A holding detém o controle do Grupo Schincariol, com 50,45% das ações. O restante do capital (49,5%) continua nas mãos dos primos Gilberto e José Augusto Schincariol.
A compra será consolidada no terceiro trimestre do ano fiscal a se encerrar em dezembro de 2011.
Em um comunicado, a Kirin afirma que a operação fortalece sua estratégia de internacionalização no segmento de bebidas, consolidando sua base no crescente mercado brasileiro. O grupo projeta um crescimento de mais de 10% dos segmentos de cerveja e refrigerantes no Brasil, impulsionados pelo incremento da população, da renda e do PIB do país. Citando dados da Euromonitor, a Kirin estima que o mercado brasileiro de cerveja movimente R$ 56,7 bilhões por ano.
- Estamos convencidos das oportunidades que a Schincariol e o mercado brasileiro oferecem. Com nossa experiência no desenvolvimento de produtos e nossa expertise em tecnologia, pesquisa e marketing, pretendemos acelerar o crescimento do Grupo Schincariol e ampliar a presença de suas marcas. Como parte de sua estratégia de investimento, a Kirin considera ser muito importante preservar a cultura e valores corporativos – disse o diretor executivo da Kirin, Hirotake Koba yashi, por meio de nota.
A Kirin tem forte presença na Ásia (Japão, China, Taiwan, Vietnã, Tailândia, Cingapura e Filipinas) e na Oceania, mercados que pretende liderar até 2015. Em 2010 registrou vendas totais de cerca de US$ 28 bi.
O Grupo Schincariol é o segundo maior fabricante de cervejas do Brasil. Com marcas como Nova Schin, Devassa Bem Loura, Glacial, Baden Baden e Eisenbahn, detém uma participação de mercado de cerca de 15% (dados do Sicobe). Além disso, atua no segmento de refrigerantes, sucos e água mineral (Schin e Skinka), onde possui aproximadamente 5% de market share, terceiro no ranking nacional.
Ao todo, a Schincariol tem 13 fábricas, com mais de dez mil colaboradores e uma rede de distribuição nacional. Em 2010, a Schin registrou receita bruta de aproximadamente R$ 6 bilhões e Ebitda de R$ 500 milhões.
A operação foi coordenada pelo escritório Mattos Filho e o BTG Pactual pelo lado dos vendedores e Tozzini Freire e Citi pelo lado da Kirin.
Japonesa correu por fora
Há alguns meses rumores sobre uma possível venda da Schincariol vinham sendo ventilados no mercado. A japonesa Kirin, no entanto, acabou sendo um elemento surpresa na negociação. Os principais players apontados como potenciais compradores da brasileira eram a holandesa Heineken, a britânica Diageo e a sul-africana SAB Miller.
A Schincariol começou a avaliar uma sociedade há mais de cinco anos, após a consultoria Mckinsey desenvolver um projeto de reestruturação da companhia. Para ganhar valor, a empresa paulista decidiu reforçar seu portfólio, com a compra de diversas marcas, como Baden Baden e Nobel (ambas em 2007), além de Devassa, Cintra e Eisenbahn (todas em 2008).
Em junho de 2005 a Schincariol foi alvo da Operação Cevada, promovida por Polícia Federal (PF), Receita Federal e Ministério Público Federal (MPF). Na época, foram presas 72 pessoas ligadas à Schincariol. Entre os presos, estavam os cinco proprietários do grupo – Gilberto Schincariol, seus filhos Gilberto Júnior e José Augusto e seus sobrinhos Adriano e Alexandre – diretores, distribuidores e funcionários. Os executivos e empresários acabaram sendo soltos logo depois.
Fonte: o Globo
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