Membro da Empiricus Roberto Altenhofen, especialista em investimentos manifesta e reitera sua preocupação sobre o mercado finaceiro.
Alerta máximo
Alerta máximo
Dia novo, revés de sempre.
O petróleo enfrenta sua quarta sessão
consecutiva de perdas, levando as cotações do óleo bruto abaixo de US$ 50 por
barril, em meio a rumores de crescimento do nível de estoques americanos da
commodity.
Todo o tipo de alerta é válido aqui.
Não bastassem as consequências diretas
sobre a economia brasileira e especificamente sobre a Petrobras, um petróleo
neste nível acende o sinal amarelo para potenciais consequências geopolíticas
desastrosas.
Imagine o que um conflito geopolítico ou
ataque a regiões produtoras poderia ocasionar às cotações... Uma
disparada que, desse jeito, é melhor que fique na imaginação.
Lembrando que países do Oriente Médio e
Rússia estão entre os principais produtores, fortemente impactados pela queda
nas cotações.
Não são regiões conhecidas por sua
tolerância, ou estabilidade emocional.
Sim, o pré-sal está em risco
Diante da desaceleração de consumo
combinada à negativa da Opep em cortar a produção e ao boom do gás de folhelho
(shale gas) no Golfo do México, o petróleo foi abaixo de US$ 70 por barril no
início de dezembro do ano passado...
À ocasião, escrevi aqui que “o pré-sal está
em risco”. Naturalmente, fui novamente taxado de terrorista.
Para
acalmar os ânimos, interlocutores do governo afirmaram que, para cobrir o custo
de capital do pré-sal, a Petrobras estaria “protegida” até o petróleo a US$ 45
por barril.
E agora, com o petróleo abaixo de US$ 50,
quem poderá defender a viabilidade econômica do pré-sal?
Lembrando que, independentemente da
flutuação dos preços, as cotações atuais da commodity já alteram
substancialmente o cenário de investimentos projetado pela estatal.
E, em
linhas gerais, US$ 40 por barril seria algo alinhado à média histórica de
preços. Pu seja, pegamos o pico do ciclo e achamos que ia durar pra sempre.
O Plano de Negócios da Petrobras para o intervalo de 2013 a 2017 toma por base um petróleo estabilizado a US$ 100 por barril no longo prazo, o dobro do valor atual.
O Plano de Negócios da Petrobras para o intervalo de 2013 a 2017 toma por base um petróleo estabilizado a US$ 100 por barril no longo prazo, o dobro do valor atual.
Entre formadores e tomadores
A
inversão do ciclo das commodities é o assunto do dia. Enquanto a ação da
Petrobras volta para a cotação de 10 anos atrás, os papéis da Vale encontram
algum alívio, e sobem bem neste início de ano.
O propulsor da vez são as notícias de que o
governo chinês está acelerando um pacote de US$ 1 trilhão de investimentos em
projetos de infraestrutura como forma de devolver dinamismo ao ritmo de
crescimento da economia local.
Após
sete dias seguidos de alta, o preço do minério de ferro no mercado à vista
chinês sofre ajuste, mas se sustenta acima de US$ 70 por tonelada.
A
grande questão aqui é que, diferentemente da Petrobras, uma tomadora de preços,
Vale é formadora de preços.
Maior produtora mundial da matéria-prima em
um mercado extremamente oligopolizado, Vale possui grandes vantagens de escala
e no longo prazo ganha mercado dos produtores de alto custo com a queda dos
preços.
Por sua
vez, a Petrobras está à mercê da Opep. Como os países-membro são produtores de
baixo custo, têm a rentabilidade de seus projetos menos comprometida com a
queda das cotações da commodity do que produtores em ascensão, como Golfo do
México ou mesmo o pré-sal brasileiro.
Isso ajuda a explicar porque, diante da
queda abrupta nas cotações, a Opep insiste em manter o nível de oferta da commodity.
Petro? A(s) verdadeira(s) oportunidade(s)
Tenho sido perguntado infinitamente sobre a
oportunidade com as ações da Petrobras.
As
ações da estatal foram da casa de R$ 40 a R$ 8 em intervalo de cinco anos, o
que naturalmente desperta o olhar de parte relevante do mercado. Somente no ano
passado, a estatal brasileira perdeu R$ 65,5 bilhões em valor de mercado.
Reconheço,
não tem como passar indiferente a variações deste tamanho.
Ao
longo dessa trajetória, foram comuns os alertas de grandes bancos de
investimentos e analistas com bom trânsito junto à mídia especializada
sugerindo oportunidade de compra para as ações.
Foram
seguidas recomendações neste sentido quando as ações estavam cotadas a R$ 25,
depois a R$ 20, depois a R$ 15, quando atingiram R$ 10…
Não
resta dúvida de que os papéis estão baratos em relação ao histórico, mas o
barato não fica caro por livre e espontânea vontade.
E, infelizmente, ainda não parece haver
qualquer gatilho capaz de promover uma disparada consistente das ações.
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