O inferno astral do grupo EBX tem sido acompanhado de perto pelos
investidores, a imprensa nacional e estrangeira e pelos analistas. O estresse
financeiro vivido pelas empresas de Eike Batista forçou o empresário a procurar
assessores e bancos com o objetivo de conseguir mais recursos para tocar os
projetos gigantes em andamento, como o Superporto do Açú, da LLX, e o
Superporto Sudeste, da MMX.
Enquanto o mercado especula os possíveis interessados em fatias
nas empresas colocadas à venda – CCX (CCXC3), AUX, MMX(MMXM3) e LLX (LLXL3) –, os analistas da Empiricus Research
investigaram o que as empresas da EBX valem a partir dos fundamentos. Ou seja,
desconsiderando a possibilidade de alianças estratégias ou vendas de
participações. “Não adianta apostar em quem será vendido ou naquele que tem
mais chances de ser resgatado. O exercício pode até ser bem sucedido, mas não
possui lastro algum. É atirar no escuro”, ressalta a Empiricus.
A principal
aposta da Empiricus não é uma ação, mas sim um título de royalties (MMXM11) ligados ao desempenho do Superporto Sudeste, que é o
principal projeto da MMX (MMXM3). O empreendimento, que fica na Baía de Sepetiba (RJ), é um
terminal que se destinará exclusivamente para a movimentação de minério de
ferro. Quando entrar em operação, os títulos MMXM11 irão pagar 5 dólares por
tonelada embarcada no porto com o valor corrigido pela inflação americana ao
produtos (PPI).
“O projeto está em fase muito mais avançada do que o porto do Açu
(LLX),
por exemplo, com construção do túnel e toda infraestrutura offshore
terminada - o cronograma de obras dá algum conforto para a projeção de início
da operação até o final do ano”, ressaltam os analistas da Empiricus. Eles
explicam que toda a primeira fase da obra está contratada não somente pela MMX,
com 27 milhões de toneladas por ano, mas por Usiminas (8 milhões de toneladas
por ano) e Minerinvest (10 milhões de toneladas por ano).
“No limite (low
case scenario), uma quebra de MMX acarretaria a perda em primeiro momento da
capacidade já contratada do porto pela empresa (os 27 Mtpa) e a inevitável
venda do projeto. Por sua vez, o estágio de execução da obra e seu
posicionamento estratégico minimizam o risco do Superporto quanto à dificuldade em se encontrar
comprador e atender à capacidade de embarque eventualmente aberta”, afirma a
Empiricus.
Os analistas calculam que, assumindo o início da operação em
dezembro e o atingimento do fluxo anual das 45 milhões de toneladas de minério
de ferro por ano até a metade de 2015, os títulos teriam um yield superior a
20% daqui dois anos (considerando o preço de 2,45 reais por papel e o câmbio a
2 dólares). Num cenário conservador, em que considera um fluxo de 15 milhões de
toneladas por ano em 2014, o yield chegaria a próximo de 7% em 2014.
A segunda com
recomendação de compra é aMPX (MPXE3), que concentra os ativos de energia elétrica do grupo EBX
(principalmente à base de carvão). A MPX já tem 1,7 gigawatt de capacidade
instalada em operação e uma receita fixa de 878 milhões de reais por ano,
ressalta a casa de análise. A maior parte do parque de usinas estará
funcionando em 2014, quando a receita fixa poderá chegar a 1,4 bilhão de reais. “O racional é interessante: boa
forma de se expor ao call de termelétricas, tem vantagem comparativa frente às
demais pelo caráter integrado do gás, e o recente deal com a E.ON, além de
capitalizar a empresa, traz expertise elevada no setor elétrico do grupo
alemão”, lembra a Empiricus.
Os analistas indicam, contudo, que o momento é de instabilidade.
Além da percepção do “risco Eike”, há a uma oferta de ações iminente que pode
diluir os acionistas e ser realizada em condições não muito favoráveis por conta das condições
ruins do mercado financeiro.
A OSX (OSXB3) é considerada uma empresa irmã” da OGX, já que aluga
plataformas à petroleira e constrói um estaleiro na mesma área do Superporto
Açú da LLX, no estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Hyundai Heavy
Industries. O problema é que, assim como as demais X, a OSX tem sofrido com um
noticiário muito desfavorável. A última notícia especula sobre um calote de 500
milhões de dólares que a empresa teria dado em uma fornecedora espanhola. A OSX nega a informação.
“No risco de confirmação da notícia, é no mínimo prudente amarrar a
tese de investimento da empresa à estimativa de valor de
liquidação, que hoje chega a valor próximo de R$ 6 por ação considerando os
projetos de maior visibilidade e supostamente de menor risco de execução,
também desconsiderando o exercício da opção de venda contra o controlador”,
afirma a Empiricus. A recomendação também é neutra.
“OSX também trata-se de uma história de assimetria de retornos
potenciais, mas aqui, a carteira de pedidos impõe um limite proibitivo à ponta
dos ganhos”, finalizam os analistas.
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