segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

SCLIAR NÃO ESCREVE MAIS

Após um longo período (internado desde 17 de janeiro) após sofrer um acidente vascular cerebral quando se recuperava de uma cirurgia no intestino. Sempre contando com a torcida daqueles que o admiravam .
Moacir Scliar médico especialista em saúde pública morre deixando uma legião de fãs, e de luto o Rio Grande do Sul, o Brasil e a ABL.
Escritor e professor universitário, o porto-alegrense de 73 anos era mais conhecido, pelo talento literário que encantou gaúchos e brasileiros.

A trajetória literária do filho de imigantes judeus, José e Sara Scliar, começou em 1971 quando escreveu o romance “A Guerra no Bom Fim”, que aborda a vida dos moradores do Bom Fim - bairro da capital gaúcha onde passou a infância - na época da Segunda Guerra Mundial. Ao todo, foram mais de 70 obras publicadas, entre crônicas, romances, ensaios e contos. Os livros do autor freqüentemente abordaram a imigração judaica no Brasil, mas também trataram de temas como o socialismo, a medicina e a vida da classe média.

A presidenta da República, Dilma Rousseff, também divulgou nota de pesar neste domingo. “Scliar foi um dos mais respeitados escritores do nosso país e foi um ícone da literatura gaúcha, brasileira e latino-americana", declarou a presidenta. Scliar faleceu deixando a esposa Judith Vivien Oliven, com quem casou em 1965, e o filho Roberto, nascido em 1979.
Entre seus livros de maior projeção internacional estão “O centauro no jardim”, “Exército de um homem só”, “A estranha nação de Rafael Mendes” e “Max e os felinos” – este, sobretudo devido à polêmica com o canadense Yann Martel, que, após ser acusado de plágio, admitiu ter se “inspirado” em seu ponto de partida narrativo (um rapaz preso num pequeno barco com um grande felino selvagem) para escrever o premiado “A vida de Pi”.

Chamado pelo crítico argentino Alberto Manguel de “um dos melhores fabulistas brasileiros”, Scliar foi traduzido em mais de uma dezena de línguas, inclusive – de modo especialmente significativo para sua biografia – hebraico e russo. Deixa vaga a cadeira 31 da Academia Brasileira de Letras, para a qual foi eleito em 2003.

“A literatura não pode mudar o mundo, mas a minha geração achava que sim”, afirmou Scliar em entrevista de dois anos atrás. “Da mesma forma como acreditava a geração de Jorge Amado, Graciliano Ramos e Raquel de Queiroz. Em todo caso, se a literatura mudar pessoas, isso já é suficiente. E ela muda.”

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