terça-feira, 8 de outubro de 2013

Os fundamentos que ainda estão nas empresas X

O inferno astral do grupo EBX tem sido acompanhado de perto pelos investidores, a imprensa nacional e estrangeira e pelos analistas. O estresse financeiro vivido pelas empresas de Eike Batista forçou o empresário a procurar assessores e bancos com o objetivo de conseguir mais recursos para tocar os projetos gigantes em andamento, como o Superporto do Açú, da LLX, e o Superporto Sudeste, da MMX.
Enquanto o mercado especula os possíveis interessados em fatias nas empresas colocadas à venda – CCX (CCXC3), AUX, MMX(MMXM3) e LLX (LLXL3) –, os analistas da Empiricus Research investigaram o que as empresas da EBX valem a partir dos fundamentos. Ou seja, desconsiderando a possibilidade de alianças estratégias ou vendas de participações. “Não adianta apostar em quem será vendido ou naquele que tem mais chances de ser resgatado. O exercício pode até ser bem sucedido, mas não possui lastro algum. É atirar no escuro”, ressalta a Empiricus. 
Eike Batista é visto durante uma conferência em Beverly Hills, nos EUA



Veja, a seguir, o que ainda esperar das ações X de Eike Batista na bolsa:

A principal aposta da Empiricus não é uma ação, mas sim um título de royalties (MMXM11) ligados ao desempenho do Superporto Sudeste, que é o principal projeto da MMX (MMXM3). O empreendimento, que fica na Baía de Sepetiba (RJ), é um terminal que se destinará exclusivamente para a movimentação de minério de ferro. Quando entrar em operação, os títulos MMXM11 irão pagar 5 dólares por tonelada embarcada no porto com o valor corrigido pela inflação americana ao produtos (PPI).
“O projeto está em fase muito mais avançada do que o porto do Açu (LLX), por exemplo, com construção do túnel e toda infraestrutura offshore terminada - o cronograma de obras dá algum conforto para a projeção de início da operação até o final do ano”, ressaltam os analistas da Empiricus. Eles explicam que toda a primeira fase da obra está contratada não somente pela MMX, com 27 milhões de toneladas por ano, mas por Usiminas (8 milhões de toneladas por ano) e Minerinvest (10 milhões de toneladas por ano).
“No limite (low case scenario), uma quebra de MMX acarretaria a perda em primeiro momento da capacidade já contratada do porto pela empresa (os 27 Mtpa) e a inevitável venda do projeto. Por sua vez, o estágio de execução da obra e seu posicionamento estratégico minimizam o risco do Superporto quanto à dificuldade em se encontrar comprador e atender à capacidade de embarque eventualmente aberta”, afirma a Empiricus.
Os analistas calculam que, assumindo o início da operação em dezembro e o atingimento do fluxo anual das 45 milhões de toneladas de minério de ferro por ano até a metade de 2015, os títulos teriam um yield superior a 20% daqui dois anos (considerando o preço de 2,45 reais por papel e o câmbio a 2 dólares). Num cenário conservador, em que considera um fluxo de 15 milhões de toneladas por ano em 2014, o yield chegaria a próximo de 7% em 2014.
A segunda com recomendação de compra é aMPX (MPXE3), que concentra os ativos de energia elétrica do grupo EBX (principalmente à base de carvão). A MPX já tem 1,7 gigawatt de capacidade instalada em operação e uma receita fixa de 878 milhões de reais por ano, ressalta a casa de análise. A maior parte do parque de usinas estará funcionando em 2014, quando a receita fixa poderá chegar a 1,4 bilhão de reais.Usina de Pecém, da MPX  “O racional é interessante: boa forma de se expor ao call de termelétricas, tem vantagem comparativa frente às demais pelo caráter integrado do gás, e o recente deal com a E.ON, além de capitalizar a empresa, traz expertise elevada no setor elétrico do grupo alemão”, lembra a Empiricus.
Os analistas indicam, contudo, que o momento é de instabilidade. Além da percepção do “risco Eike”, há a uma oferta de ações iminente que pode diluir os acionistas e ser realizada em condições não muito favoráveis por conta das condições ruins do mercado financeiro.


A OSX (OSXB3) é considerada uma empresa irmã” da OGX, já que aluga plataformas à petroleira e constrói um estaleiro na mesma área do Superporto Açú da LLX, no estado do Rio de Janeiro, em parceria com a Hyundai Heavy Industries. O problema é que, assim como as demais X, a OSX tem sofrido com um noticiário muito desfavorável. A última notícia especula sobre um calote de 500 milhões de dólares que a empresa teria dado em uma fornecedora espanhola. A OSX nega a informação.
“No risco de confirmação da notícia, é no mínimo prudente amarrar a tese de investimento da empresa à estimativa de valor de liquidação, que hoje chega a valor próximo de R$ 6 por ação considerando os projetos de maior visibilidade e supostamente de menor risco de execução, também desconsiderando o exercício da opção de venda contra o controlador”, afirma a Empiricus. A recomendação também é neutra.
Obras do estaleiro da OSX, em São João da Barra (RJ), em abril de 2013 “OSX também trata-se de uma história de assimetria de retornos potenciais, mas aqui, a carteira de pedidos impõe um limite proibitivo à ponta dos ganhos”, finalizam os analistas.

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